Esta escultura da autoria de Henrique Nunes encontra-se actualmente
no Museu de São João de Deus – Psiquiatria e História (Casa de Saúde do Telhal), graças ao
esforço e empenho de toda a equipa do Museu, salientando o excelente trabalho de restauro, pelo que ficamos muito gratos!
O Henrique ainda estudou Medicina, mas foi na escultura, pintura e desenho que encontrou motivação. Frequentou durante vários anos o atelier do
Mestre Soares Branco e em 1995 (por altura do 5º Centenário do nascimento de São João de Deus) surge um panfleto no atelier com um concurso
alusivo à imagem de São João de Deus e o Henrique decide concorrer. Conhecia e
admirava a história de São João de Deus e iniciou este processo com um simples
esboço, mas rapidamente se concretizou numa bela escultura, inspirada em duas
importantes referências para o utente – a Pietá e o Calvário.
A peça original foi moldada a barro, em menos de um mês e
passada a gesso pouco tempo depois (por decisão do próprio).
Em 1998 esta obra é premiada e a notícia é divulgada na
Revista Hospitalidade.
Nesta minha representação, São João de Deus aparece como suporte do
sofrimento humano, personificado numa figura de braços abertos em cruz que,
embora prostrada, não se deixa abater sobre si própria, mas procura
revitalizar-se na Força Redentora, que transparece no olhar do Santo. Esta
mesma força emana da sua piedosa e total entrega ao serviço dos desamparados e
esquecidos da vida, como seus mais próximos Irmãos em Cristo, e eles também
protagonistas de um Calvário a cumprir.
O bastão, encimado pelo símbolo da Ordem Hospitaleira, a romã cingida
por uma cruz, identifica o Santo como Guia Espiritual e Inspirador de todos
aqueles que se sentem atraídos pelo seu apelo:
Fazei o bem a vós mesmos, Irmãos, dando aos Pobres!
Finalmente, a coroa de espinhos, que orla a romã, sugere toda a espécie
de provações e sacrifícios por que tem de passar, quem, através de uma vida de
abnegação, procura, entre os que mais sofrem, os caminhos do Amor, que conduz a
Deus.
Henrique Manuel da Costa Lopes Nunes – memória descritiva (Revista
Hospitalidade nº 242 Jan-Mar 1998)
Texto: equipa Área de Dia
Fotografia: Valter Correia